quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O filme "Intrigas de Estado" e a apuração jornalística

Intrigas de Estado é um filme norte-americano de 2009 que conta o desenrolar de uma conspiração, dentro do Capitólio americano, em Washington D.C. O congressista Stephen Collins (Ben Affleck) tem sua carreira ameaçada, quando é iniciada uma investigação sobre a morte de sua assistente e amante, Sonia Baker. É com essa história como pano de fundo, que surgem os personagens dos repórteres Cal MacCaffrey (Russell Crowe) e Della Frye (Rachel McAdams) do jornal Washington Globe, para tentar apurar o misterioso caso, que acreditam ser uma conspiração para derrubar a carreira do congressista, que tentatava impedir a privatização da segurança nacional.


Trailer


O que vamos abordar neste post são os diferentes tipos de apuração feita pelos jornalistas, convergência e prazos (deadline).


MacCaffey, encarregado de investigar o que há por trás da morte de Sonia Baker.

Cal MacCaffrey é um tradicional jornalista experiente no jornal impresso The Washington Globe. Têm um carro velho, cabelos longos e aparentemente um cara relaxado. Em sua personalidade ele não descansa enquanto não conseguir informações sobre um caso e sempre tem um meio de conseguir lidando com as fontes, mantendo bons contatos, tirando informações mesmo por meio de trocas de interesse. Sempre em busca da verdade, o jornalista prefere esperar e ter certeza de que todas as fontes foram apuradas para escrever a matéria. Além do faro apurado e hábil, o repórter especial tem bons contatos e sabe onde encontrá-los. Ele está sempre preparado, com caneta na mão e contatos em seu telefone. Já que esta é uma maneira antiga de se registrar informações. Como um profissional sério, ele sempre investiga à fundo antes de se precipitar em publicar algo que ainda não foi confirmado. 
 
Della Frye, encarregada de publicar sobre a morte de Sonia Baker.

Della Frye é uma jovem inexperiente que escreve para um blog segmentado. Tinha o interesse em escrever um artigo sobre relações pessoais dentro da esfera política de Washington. Della está conformada com uma notícia rápida que venda para os anunciantes. Acostumada a lidar com o meio eletrônico, a personagem nunca está com a caneta em mãos para fazer anotações de última hora, pegando sempre emprestada a caneta de seu parceiro Cal. Em relação com o prazo de fechamento no blog, Della acha que a matéria tem que sair aos poucos, dando ênfase aos pequenos escândalos por vez. Sem se preocupar, dessa forma, com a confirmação dos fatos. Cal, vendo a inexperiência da blogueira, se vê apto para ensinar como se faz um jornalismo sério sem se conformar com o que é publicado no meio online. 
 
 

Torna-se perceptível, desde o inicio, o choque geracional entre os dois meios (impresso e internet), tanto que Cal não considera "jornalismo de verdade" o que Della fazia na blogosfera.

Outra personagem importante para o desenrolar da notícia é Cameron Lynne (Helen Mirren), editora do jornal. Ela não se preocupa na qualidade e sim no furo de reportagem (publicar a matéria antes dos outros jornais), não se preocupa com a integridade das fontes. Ela está sempre preocupada em fechar o jornal no horário com aquela matéria que pode trazer lucros ao jornal, já que ela é pressionada pelos donos. Fica claro dessa forma que o papel dela é pressionar Cal e Della para terminar a matéria. Principalmente Cal que traz a reportagem mais esperada no impresso – a manchete.

O deadline (fechamento) é um elemento presente em qualquer atividade jornalística, só que em cada meio ele tem um tempo diferente. Enquanto no jornal impresso o prazo para fechamento da edição é um dia (porque o jornal é diário), na internet esse prazo é muito mais curto, podendo ser de hora em hora, de meia em meia hora ou de minuto a minuto. No filme, diversas vezes Cal e Della entram em conflito quanto a este prazo. Este é o contraste da velha e nova maneira de fazer jornalismo em tempos da tecnologia.

Críticas aos filme
Logo que o filme foi lançado muitas pessoas acusavam-o de ser "uma guerra entre jornalistas e blogueiros". Uma perseguição ao amadorismo, quase uma comparação ao livro de Andrew Keen,  O Culto do Amador, que deprecia o trabalho de muitos blogueiros . Mas o que os críticos não levaram em consideração é que a personagem Della Frye tem formação jornalística, ela não é uma "simples amadora". Mesma opinião pode ser vista no blog Monitorando.


Vídeo explica "O Culto do Amador"
 
Intrigas de Estado mostra o contraste entre o velho e novo modo de fazer jornalismo. A tecnologia e a formação profissional precisam andar juntas para que haja a verdadeira convergência.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Multimídia, palavra que define o Reportaje360°

Na aula de Jornalismo e Novas Tecnologias conhecemos o Reportaje360°, projeto vinculado ao jornal El País. O Reportaje360° bebe da fonte tecnológica utilizando a plataforma da web e tem como proposta,  segundo seu criador, o jornalista Felipe Lloreda, “uma nova forma de informar mostrando todos os ângulos da matéria”.

A proposta é trazer a informação de forma interativa, ágil e inovadora. 


Dessas aventuras de criar um projeto multimídia, tudo pode acontecer, inclusive o fracasso. Mas não é o que acontece com Reportaje360°. O projeto ganhou 2.000 visualizações em 2 meses. A estatística, segundo a equipe, é um processo importante no produto multimídia, e também uma chave de mudança e evolução.

O site utiliza-se de recursos como vídeos, gráficos, fotografias, jogo de imagem e som, áudio e texto. Mas ainda há espaço para que o público possa enviar comentários, fotos e vídeos em cada reportagem. Estes foram os recursos inusitados que só a multimídia pode oferecer numa só matéria.
Os vídeos você pode ver também no canal do youtube do Reportaje360°.
Com poucos recursos a equipe de produção consegue boas imagens de fotografia e vídeo. A equipe é ciente que se deve ter uma boa gravação para garantir um bom vídeo. Apenas a pós-produção não garante um trabalho bem feito.

O primeiro passo do projeto foi criar a marca. O seu esboço foi postado no blog do projeto.


Porém, nem tudo é perfeito. Assim como todo projeto inovador, falhas existem. O texto, um recurso inerente ao jornal, faltou em algumas matérias deixando-as incompletas. Esta falha é comum quando a preocupação com recursos tecnológicos vem primeiro que o conteúdo em si. Isso aponta  problemas com  a apuração. A imagem e o vídeo são recursos riquíssimos se usados com coerência. No Reportaje360° um exemplo correto desse uso foi a matéria "Cali, uma indústria salseira" pois, para se falar de uma dança, um ritmo musical e utilizar música ou vídeo, faz mais sentido que usar texto. 

Existe também a questão da acessibilidade. Vídeos podem demorar para carregar ou simplesmente não abrir. O leitor deve ter seus plugins atualizados, senão pode ficar de fora da multimídia do Reportaje360°.
O site ainda poderia dispor de vários idiomas como o inglês e português para expandir seu público a outras regiões. A sugestão foi cogitada durante uma entrevista de Thiago Domenici no Observatório da Imprensa em 2010 por Felipe Lloreda, o criador colombiano do Reportaje360º.

Observamos no especial: Cali, una industria salsera, a dedicação pelo trabalho visual e as variedades de plataformas. Pôr num mesmo ambiente, vídeo, áudios e fotografias, não deve ser um trabalho fácil  à produção como a que observamos. Em Evolución de la salsa, se mostra a história da salsa de 1600 até 2009 com 11 textos, 16 áudios (música) e 4 vídeos aproximadamente. Em Personajes são 8 áudios, cada um dando seu depoimento.

Ao todo foram 11 textos pequenos, 64 áudios (músicas e depoimentos) e 26 vídeos - sem contar com as fotografias. Alguns foram sendo acrescentados reforçando, dessa forma, a flexibilidade e a possibilidade que a internet nos permite alcançar. É perceptível que os vídeos não têm a qualidade que sempre se espera, mas o seu conteúdo e os tantos outros recursos visuais deixam a qualidade do vídeo uma questão de menor importância. 



Para mais contato com a equipe da Reportaje360° é só clicar aqui.